sábado, 27 de agosto de 2011

Evangelho (Mateus 16,21-27)

Domingo, 28 de Agosto de 2011
22º Domingo do Tempo Comum

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O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo, + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor!
Naquele tempo, 21Jesus começou a mostrar a seus discípulos que devia ir a Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos sumos sacerdotes e dos mestres da Lei, e que devia ser morto e ressuscitar no terceiro dia.
22Então Pedro tomou Jesus à parte e começou a repreendê-lo, dizendo: “Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isso nunca te aconteça!”
23Jesus, porém, voltou-se para Pedro e disse: “Vai para longe, Satanás! Tu és para mim uma pedra de tropeço, porque não pensas as coisas de Deus, mas sim as coisas dos homens!”
24Então Jesus disse aos discípulos: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. 25Pois, quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la.
26De fato, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua vida? O que poderá alguém dar em troca de sua vida? 27Porque o Filho do Homem virá na glória do seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um de acordo com sua conduta”.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.

Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua vida?

Logo após a profissão de fé do apóstolo Pedro, Jesus começa a dizer abertamente aos seus discípulos que devia ir a Jerusalém e sofrer muito.

Pedro já tinha afirmado que Jesus era o Cristo, o Messias, o Filho do Deus vivo. Jesus além de confirmar o que Pedro dissera, chamou-o de beato por receber esta revelação de Deus e lhe confiou as chaves, constituindo-o “pedra” de fundamento da nova comunidade que pretendia construir. Desde esse instante, dá-se início a esta construção, mas com uma mudança no ministério de Jesus.

Pois, “Jesus começou a mostrar a seus discípulos que devia ir a Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos sumos sacerdotes e dos mestres da lei e que devia ser morto e ressuscitar no terceiro dia”. É precisamente aqui que começa a segunda etapa da missão de Jesus. Ele apresenta de que modo se apresentará. E um modo nada esperado, completamente sem lógica aos olhos humanos.

Por isso, Pedro enxerga uma contradição entre aquilo que ele mesmo acabou de professar e aquilo que Jesus acaba de anunciar de maneira tão solene. De fato, como pode Jesus, depois de operar tantos prodígios e pregar que veio trazer vida plena, agora falar de sofrimento e de morte? (parece uma derrota). Para os discípulos, isto não é apenas decepcionante, mas significa a queda de um mundo de esperanças. E, por isso, Pedro não quer aceitar este destino de Jesus e se defende como pode, repreendendo-o, protestando.

Certamente, a repreensão de Pedro é a normal reação do homem diante da perspectiva da dor e da morte; mais, é a reação do amigo, que defende o amigo, e que quer protegê-lo de qualquer perigo; mesmo quando, neste caso, Pedro parece ter esquecido que o seu amigo é o Filho do Deus vivo. De fato, ele volta a pensar em Jesus como um messias triunfante no campo político (pensamento da teologia da libertação), para liberar o povo da opressão inimiga.

Mais uma vez, parece voltar atrás, lembra os quarenta dias no deserto, quando Jesus enfrentou Satanás, que lhe propunha tal messianismo terreno, feito de prestígio, poder e riqueza. A tentação diabólica parece representar-se com força nas palavras de Pedro que não queria aceitar o fim doloroso do Mestre.

Assim, Jesus o repreende com muita firmeza. Pouco antes, Ele tinha chamado Pedro de “pedra”, coluna sustentável sobre a qual edificaria a sua Igreja; agora, chama-o de “satanás” (em aramaico significa obstaculador, aquele que impede o caminho, pedra de tropeço, o que fazer cair, tentador) e pede que o mesmo se coloque “no seu lugar” que é aquele de discípulo. Não cabe ao discípulo colocar-se à frente do mestre, para dar-lhe instruções. É o contrário, o discípulo é quem tem que ficar atrás do mestre, confiar a ele sua vida e segui-lo. Por isso, a tradução correta não é afasta-te de mim, mas “vá para trás de mim”, ou seja, ponha-te no teu lugar, seja discípulo, me siga, deixe de me tentar para que eu abandone minha missão salvadora.

Com isto, Jesus deixa claro que embora a confissão de Pedro viesse por revelação de Deus Pai; agora, ele já não está mais falando assim. O que Pedro está fazendo é deixar-se dominar pelos pensamentos humanos: “Satanás! Tu és para mim uma pedra de tropeço, porque não pensas as coisas de Deus, mas, sim, as coisas dos homens”, diz Jesus.

Deste contraste de pensamentos, isto é, entre a forma de pensar de Deus e a dos homens, é que o Evangelho suscita questões fundamentais sobre a vida humana: qual é o valor e o significado da nossa vida? A nossa vida terrena é a única vida? Como devemos usar esta vida para nos sentir plenos? O que podemos esperar dela? Devemos nos apegar a ela a qualquer preço e por isso, procurar tirar tudo dela?

A resposta a tais questionamentos é o próprio Jesus quem nos dá. Por meio do seu caminho, Ele mostra que a nossa vida atual não é a única vida, o valor último e mais alto, e esta não tem em si mesma o próprio significado e o próprio fim. Jesus sabe que Deus estabeleceu para Ele um caminho através da rejeição, do sofrimento e da morte, e Ele acolhe este caminho das mãos do Pai. Jesus perderá a sua vida com uma morte cruel e injusta.

Na verdade, Jesus nunca disse que a plenitude da vida indicasse uma vida fácil, tranquila, em meio à riqueza, privilégios, privada de sofrimentos. A sua própria vida não foi assim, nem Ele pôde garantir isso a seus discípulos. Por isso, Ele ensina aos discípulos o seu próprio caminho: “quem perder a própria vida por causa de mim, vai encontrá-la”.

O valor mais alto, ao qual tudo está subordinado, não é a vida terrena, mas a união com Jesus. Esta é preferível a todo o resto. Esta união se manifesta numa ilimitada confiança em Jesus, no esforço de modelar a própria vida segundo o seu exemplo e os seus ensinamentos. Quem na sua vida terrena procurou a união com Ele, pertencerá a Ele também na sua glória. Tomar a cruz de Jesus é estar unido a Ele, e seguindo o seu caminho, provar o que significa plenitude de vida.

Na I leitura, nos é proposta a figura do profeta Jeremias, que viveu profundamente este drama. Do cap. 20, lemos uma espécie de confissão de Jeremias: “Seduziste-me, Senhor e eu deixei-me seduzir; foste mais forte, tiveste mais poder (como um amante decepcionado). Enganaste-me, enrolaste-me. Veja a que ponto cheguei por ter me deixado levar por você. “Tornei-me alvo de irrisão o dia inteiro, todos zombam de mim. Todas as vezes que levanto a voz, clamando contra a maldade e invocando calamidades; a palavra do Senhor tonou-se para mim fonte de vergonha e de chacota o dia inteiro”.

O profeta afirma: “não quero mais lembrar-me disso nem falar mais em nome dele”; mas, ao mesmo tempo, admite: senti, então, dentro de mim um fogo ardente a penetrar-me o corpo todo: desfaleci, sem forças para suportar”. É a sede que nossa alma tem de Deus, nossa carne como terra deserta e sem água. E que provoca uma busca ansiosa desde a aurora como diz o salmista. O fato de seguir o Senhor trouxe grande dificuldades para Jeremias e para Pedro também. Mas, não obstante isso, eles seguiram por causa deste fogo ardente. É interessante como na II leitura, Paulo falando aos romanos e a todos nós cristãos, diz: “exorto a vos oferecerdes em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: este é o vosso culto espiritual. Não vos conformeis com o mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e de julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, isto é, o que é bom, o que lhe agrada”.

É o convite para que sejamos discípulos que não pensam segundo os homens, mas segundo Deus. Pra sermos autênticos e dizer não aos próprios pensamentos. E de seguir fielmente e firmemente Jesus, mesmo se a cruz é pesada. É um convite a não sermos obstaculadores de seu projeto, mas discípulos que o realizam com grande desejo.

Neste sentido, há uma preocupação atual da Igreja com todos os fiéis nesta época de secularismo, de materialismo, de individualismo, mas de modo especial, com todos os sacerdotes como podemos perceber pelas palavras do cardeal emérito de Milão, Carlo Maria Martini, quando afirmou em 2008 que a inveja é o vício clerical, por excelência, e os outros pecados capitais mais presentes no interior da Igreja são a vaidade e a calúnia. Martini ainda citou o carreirismo na Igreja, onde “cada um quer ser mais que o outro”.

Neste sentido, o Papa Bento XVI, por ocasião do ano sacerdotal, abordou em vários momentos este assunto: “convido os padres e os seminaristas a estimar, no seguimento de São Domingos, o valor espiritual do estudo das verdades reveladas, das quais depende a qualidade do seu ministério presbiteral”. Bento XVI destacou de São Domingos sua renúncia aos privilégios pessoais, frisando que poderia ter conseguido em uma promissora carreira eclesiástica, à qual renunciou, dedicando-se humildemente às tarefas que lhe foram confiadas. “Não seria talvez uma tentação a da carreira, do poder, uma tentação da qual nem sequer estão imunes aqueles que têm um papel de animação e de governo na Igreja?”, perguntou. Bento XVI defendeu que não se pode ser sacerdote visando “fazer carreira” ou “ocupar um alto cargo na Igreja”, apelando a uma vida de serviço aos outros, à imagem de Jesus Cristo.

Em outra ocasião, durante a homilia da celebração eucarística, na Basílica de São Pedro, em que ordenou 15 novos sacerdotes da Diocese de Roma, o Papa criticou “o homem que, pelo sacerdócio, quer ser importante”, repudiando que se possa ter como objetivo, na vida sacerdotal, “a exaltação pessoal e não o servir humildemente Jesus Cristo”. Ele ainda ressaltou que o sacerdote deve “existir para os outros, para Cristo, e assim através dele e com Ele existir para os homens”. Para o Papa, “o único acesso legítimo ao ministério pastoral é a cruz. Essa é a porta”.

domingo, 21 de agosto de 2011

— Ele está no meio de nós!
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo, † segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor!

Naqueles dias, 39Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judéia. 40Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. 41Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42Com um grande grito, exclamou: "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! 43Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? 44Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. 45Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu".
46Então Maria disse: "A minha alma engrandece o Senhor, 47e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, 48porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada, 49porque o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. O seu nome é santo, 50e sua misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que o respeitam. 51Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os soberbos de coração. 52Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes. 53Encheu de bens os famintos, e despediu os ricos de mãos vazias. 54Socorreu Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia, 55conforme prometera aos nossos pais, em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre".
56Maria ficou três meses com Isabel; depois voltou para casa.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.

Hoje é a festa da visitação de Nossa Senhora à sua prima Isabel, e o evangelho narra esta visita. Quando Lucas fala de Maria, pensa à comunidade do seu tempo que viviam separados nas cidades do Império Romano e lhes oferece em Maria um modelo de como devem se relacionar com a Palavra de Deus. Certa vez, ouvindo Jesus falar de Deus, uma mulher do povo exclamou: “Feliz o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram!”, elogiando assim a Mãe de Jesus. Imediatamente, Jesus respondeu: “Felizes, muito mais aqueles que escutam a palavra de Deus e a põem em prática” (Lc 11,27-28). Maria é o modelo da comunidade fiel que sabe praticar a Palavra de Deus. Descrevendo a visita de Maria a Isabel, o evangelista ensino como devem agir as comunidades para transformar a visita de Deus no serviço aos irmãos e às irmãs.

• O episódio da visita de Maria a Isabel deixa claro outro aspecto típico de Lucas. Todas as palavras e as atitudes, sobretudo o cântico de Maria, são uma grande celebração de louvor. Parece a descrição de uma solene liturgia. Assim, Lucas, lembra o ambiente litúrgico e celebrativo, em que Jesus se formou e no qual as comunidades devem viver a própria fé.

• Lucas 1,39-40: Maria visita sua prima Isabel. Lucas acentua a prontidão de Maria em responder às exigências da Palavra de Deus. O anjo lhe falou da gravidez de Isabel e Maria, imediatamente, se levanta para verificar o que o anjo lhe tinha anunciado, e sai de casa para ajudar uma pessoa que passa necessidades. De Nazaré até às montanhas da Judá são mais de 100 quilômetros! Não havia carros, ônibus ou trens.

• Lucas 1,41-44: A saudação de Isabel. Isabel representa o Antigo Testamento que está em seus momentos finais. Em Maria, é o Novo que está despontando. O Antigo Testamento acolhe o Novo com gratidão e confiança, reconhecendo nele o dom gratuito de Deus que vem realizar e completar toda e qualquer expectativa do povo. No encontro das duas mulheres se manifesta o dom do Espírito que faz exultar de alegria o ser que está no ventre de Isabel. A Boa Nova de Deus se revela sua presença numa das coisas mais comuns da vida humana: duas mulheres do lar que trocam as visitas para se ajudar. Visita, alegria, gravidez, crianças, ajuda recíproca, casa, família: Lucas quer deixar intuir e ajudar a descobrir nas comunidades (e a todos nós) a presença do Reino. As palavras de Isabel, até hoje, fazem parte da oração mais conhecida e rezada em todo o mundo que é a Ave Maria.

• Lucas 1,45: O elogio de Isabel a Maria. “Feliz aquela que acreditou na realização das palavras do Senhor”. É o lembrete de Lucas às comunidades: acreditar na Palavra de Deus, porque tem a força de realizar o que Ela afirma. É Palavra criadora. Gera uma nova vida no seio de uma virgem, no seio de pessoas pobres e abandonadas que A acolhe com fé.

• Lucas 1,46-56: O cântico de Maria. Muito provavelmente, este cântico, era já conhecido e cantado nas comunidades. Ela ensina como deve ser rezado e cantado. Lucas 1, 46-50: Maria inicia proclamando a mudança que se deu em sua vida graças ao olhar amoroso de Deus, cheio de misericórdia. Por isso, canta feliz: “Exulto de alegria em Deus, meu Salvador”. Lucas 1, 51-53: canta fidelidade de Deus para com seu povo e proclama a mudança que o braço de Javé está realizando em favor do pobres e dos famintos. A expressão “braço de Deus” lembra a libertação do Êxodo. É esta força salvadora de Deus o que dá vida à mudança: dispersa os orgulhosos (1, 51), derruba os tronos dos poderosos e levanta os humildes (1, 52), manda de volta os ricos de mãos vazias e enche de bens os famintos (1, 53). Lucas 1, 54-55: No final, ele lembra que tudo isso é expressão da misericórdia de Deus para com seu povo e expressão de sua fidelidade às promessas feitas a Abraão. A Boa Nova não é uma resposta à observância da Lei, mas expressão da bondade e da fidelidade de Deus às promessas feitas. É o que Paulo ensina nas cartas aos Gálatas e aos Romanos.

O segundo livro de Samuel conta a história da Arca da Aliança. Davi quis colocá-la em sua casa, mas ficou com medo e disse: “Como pode vir a mim a Arca do Senhor?” (2 Sm 6,9). Davi ordenou, assim, que a Arca fosse colocada na casa de Obed-Edom. “E a Arca do Senhor ficou três meses na casa de Obed-Edom, e o Senhor abençoou Obed-Edom e toda a sua casa” (2 Sm 6, 11). Maria, à espera de Jesus, é como a Arca da Aliança que, no Antigo Testamento, visitava as casas das pessoas levando benefícios. Ela vai até a casa de Isabel e fica lá três meses. E enquanto fica na casa de Isabel, toda a família é abençoada por Deus. A comunidade deve ser como a Nova Arca da Aliança. Visitando a casa das pessoas, deve trazer benefícios e a graça de Deus às pessoas.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 23Jesus disse aos discípulos: “Em verdade vos digo, dificilmente um rico entrará no reino dos Céus. 24E digo ainda: é mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus”. 25Ouvindo isso, os discípulos ficaram muito espantados, e perguntaram: “Então, quem pode ser salvo?” 26Jesus olhou para eles e disse: “Para os homens isso é impossível, mas para Deus tudo é possível”.
27Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: “Vê! Nós deixamos tudo e te seguimos. Que haveremos de receber?” 28Jesus respondeu: “Em verdade vos digo, quando o mundo for renovado e o Filho do Homem se sentar no trono de sua glória, também vós, que me seguistes, havereis de sentar-vos em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. 29E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos, campos, por causa do meu nome, receberá cem vezes mais e terá como herança a vida eterna. 30Muitos que agora são os primeiros, serão os últimos. E muitos que agora são os últimos, serão os primeiros.


- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor
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HOMILIA


Difícil um rico entrar no reino-MT-19,23-30
Depois de Jesus nos ter falado sobre o jovem rico, um estudioso da Lei, cumpre todos os parágrafos, não é desonesto, nem mentiroso, nem violento, nem adúltero, nos propõe hoje o texto que fala do perigo das riquezas. Vendo o homem, Jesus acha-o não longe do Reino do Céu por isso faz-lhe um convite a vender tudo e distribuí-lo aos pobres: se você quer ser perfeito, vá, venda tudo o que tem, e dê o dinheiro aos pobres, e assim você terá riquezas no céu. Depois venha e me siga. Porém, o conceito que ele tinha de riqueza diverge do conceito do Mestre. Para Este a Lei é o varal da fraternidade, é resposta à Aliança gratuita e generosa oferecida por Deus. É partilha, é comunhão. Assim, se os bens não forem entendidos como dons que devem ser partilhados com os pobres não teremos direito a herdar o Reino do Céu. Veja que Jesus indica uma dificuldade real, uma necessidade de esforço penoso e não uma impossibilidade.
Ao jovem que já era fiel observante dos mandamentos, Jesus faz uma proposta radical: vender tudo, distribuir o dinheiro aos pobres e segui-lo. O jovem se retirou triste, porque era muito rico. Não teve coragem para desvencilhar-se de tudo, tornar-se discípulo e aderir ao compromisso de construir o Reino. E Jesus adverte sobre o perigo que a riqueza pode significar para a liberdade e o desenvolvimento pleno da pessoa. O Eclesiástico lembra que ela pode se tornar um forte obstáculo para a integridade (cf Eclo 32, 1-11). Certamente, a palavra de Jesus: Em verdade vos digo, dificilmente um rico entrará no Reino dos Céus. E digo ainda: é mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus (Mt 19, 23-24), além de alertar para o risco que corre o rico em ordem à sua salvação, alude à dificuldade para um seu engajamento mais pleno na construção do Reino, que é vida para todos, no aqui e no agora de nossa existência.
Os Padres da Igreja, dos primeiros séculos pós-catacumba, explicam que a razão da dificuldade tem a ver com minha relação com Deus, comigo mesmo, com os outros. O que entendem por rico e riqueza, não é quantidade absoluta de bens, mas situação na sociedade. Quem tem 10% dos bodes da tribo de criadores primitivos, é rico; não importa se dispõe de menos bens do que hoje vemos.
Riqueza é condição material concreta adequada do poder. Mas como o poder em si mesmo, ela em si não é má. O Senhor não condena nem os ricos nem as riquezas; mas adverte os seus discípulos do perigo que correm, se lhes entregarem o coração. Em contrapartida, a atitude desprendida de Pedro e dos outros Apóstolos é caminho certo para entrar no reino de Deus. O mundo novo que o Filho de Deus nos revelou na sua morte e ressurreição inaugurou a regeneração do Universo, em que tudo é julgado por outros critérios.
A graça de Deus pode fazer gente profundamente evangélica: Henrique II imperador da Alemanha, Luis IX rei de França, Isabel rainha de Portugal e a duquesa Edviges, cujo fundo rotativo de ajuda ao camponês encalacrado a fez padroeira de todos os endividados. Mas ser rico é risco. Risco em nossa relação com Deus, exposta a duas variantes da mesma tentação: o ateísmo prático e a idolatria.
A riqueza ameaça minha relação comigo. Os bens são nossos servos, para nossa vida e vida plena, nossa e de todos ao nosso redor, para nossa realização como pessoas, também diante de Deus. No momento em que eles não mais nos servem, mas nós servimos a eles, começa o desvio.
A riqueza me separa dos outros, afasta-me deles. Os bens deste mundo em si são bons, presentes carinhosos do Deus que quer que todos os seres humanos tenham vida e vida plena.
Que a verdade proferida por Jesus me ensine a ter um coração mais desapegado dos bens terrenos e mais rico da presença de Deus. Pois, o desapego dos bens terrenos é um caminho de sincera humildade e confiança em Deus. Pai, desapega meu coração das coisas deste mundo, livrando-me da ilusão de buscar segurança nos bens acumulados. E reforça minha fé na Providência!

sábado, 13 de agosto de 2011

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 21Jesus retirou-se para a região de Tiro e Sidônia. 22Eis que uma mulher cananeia, vindo daquela região, pôs-se a gritar: “Senhor, filho de Davi, tem piedade de mim: minha filha está cruelmente atormentada por um demônio!” 23Mas, Jesus não lhe respondeu palavra alguma. Então seus discípulos aproximaram-se e lhe pediram: “Manda embora essa mulher, pois ela vem gritando atrás de nós”. 24Jesus respondeu: “Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel”. 25Mas, a mulher, aproximando-se, prostrou-se diante de Jesus, e começou a implorar: “Senhor, socorre-me!” 26Jesus lhe disse: “Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-los aos cachorrinhos”. 27A mulher insistiu: “É verdade, Senhor; mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!” 28Diante disso, Jesus lhe disse: “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres!” E desde aquele momento sua filha ficou curada.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.

Jesus, escreve Mateus, da região da Galileia “retirou-se” para a região de Tiro e Sidônia (atual Líbano), antigas cidades fenícias, com importantes portos comerciais, ricas e pujantes, mas também marcadas por egoísmos e injustiças sobretudo contra os pobres. Por causa disso os profetas do Antigo Testamento pronunciaram vários oráculos de condenação contra essas cidades. Jesus vai para esta região e logo aparece uma mulher “Cananéia”. É uma pagã. Certamente ouviu falar bem de Jesus e não quer perder a ocasião para conseguir um sinal prodigioso em favor de sua filha. Chegando diante dele, pede ajuda para a filha “atormentada por um demônio”. Apesar da atitude de indisponibilidade de Jesus, ela não desiste em gritar por ajuda. Sua insistência provoca a intervenção dos discípulos. Analogamente ao episódio da multiplicação dos pães, eles queriam que Jesus a mandasse embora: “Atende-a e manda-a embora”, lhe sugerem. Mas Jesus responde afirmando que sua missão se limita a Israel. Aquela mulher não se dá por vencida, e pede pela segunda vez com palavras essenciais, mas fortes côo o drama da filia: “Senhor, socorre-me!”. E Jesus responde com uma inusitada dureza: “Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-lo aos cachorrinhos!”. Com o apelido “cachorrinhos”, na tradição bíblica, retomada pelos textos judaicos, se aludia aos adversários, aos pecadores e aos povos pagãos idólatras.

Mas a mulher aproveita a deixa que Jesus lhe dá e diz (assim poderíamos traduzir a frase): “Mas é lógico, Senhor! De fato até os cachorrinhos comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!” Também os cachorros, os excluídos, ficam satisfeitos com as migalhas que lhe são jogadas. Esta mulher pagã enfrenta Jesus de igual para igual. Poderíamos dizer que sua confiança naquele profeta é maior que a própria resistência do mesmo profeta. E por isso Jesus responde, por fim, com uma expressão inusitada nos evangelhos: esta é “grande fé”, não “pouca fé”. O mesmo elogio Jesus o fez ao centurião, e ambos eram pagãos. Mais uma vez o Evangelho nos propõe a essencialidade da confiança em Deus que liberta da angústia de confiar só em si mesmos e nos homens. A fé desta mulher convence Jesus a realizar a cura. Escreve o evangelista: «Diante disso, Jesus lhe disse: “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres!” E desde aquele momento sua filha ficou curada». Diante de uma fé como esta nem Deus pode resistir!

Para uma avaliação pessoal

• Diante das dificuldades, muitas vezes ouvimos dos outros para termos fé! Sou alguém de “pouca” ou de “grande fé”?

• Por causa de nossa proximidade com Deus podemos cair na ilusão de que Deus só ao nosso pedido vai nos atender. A mulher fenícia, não desanima, enfrenta Jesus. Tenho esta mesma persistência em confiar sem desanimar em Deus?

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor
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Naquele tempo, 3alguns fariseus aproximaram-se de Jesus, e perguntaram, para o tentar: “É permitido ao homem despedir sua esposa por qualquer motivo?” 4Jesus respondeu: “Nunca lestes que o Criador, desde o início, os fez homem e mulher? 5E disse: ‘Por isso, o homem deixará pai e mãe, e se unirá à sua mulher, e os dois serão uma só carne’? 6De modo que eles já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe”.
7Os fariseus perguntaram: “Então, como é que Moisés mandou dar certidão de divórcio e despedir a mulher?” 8Jesus respondeu: “Moisés permitiu despedir a mulher, por causa da dureza do vosso coração. Mas não foi assim desde o início. 9Por isso, eu vos digo: quem despedir a sua mulher – a não ser em caso de união ilegítima – e se casar com outra, comete adultério”. 10Os discípulos disseram a Jesus: “Se a situação do homem com a mulher é assim, não vale a pena casar-se”.
11Jesus respondeu: “Nem todos são capazes de entender isso, a não ser aqueles a quem é concedido. 12Com efeito, existem homens incapazes para o casamento, porque nasceram assim; outros, porque os homens assim os fizeram; outros, ainda, se fizeram incapazes disso por causa do Reino dos Céus. Quem puder entender entenda
”.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.

"O homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher; e os dois formarão uma só carne"

Quem casa quer casa longe da casa onde casa. É um ditado que se refere à independência que o casal de jovens deve ter em relação aos pais, porque muitos casamentos já foram desfeitos pelos pais dos cônjuges, principalmente pela sogra. Aí é que está o "x" da questão. A sogra, salvo casos especiais, não tem a menor intenção de prejudicar os recém-casados. Tudo ela faz com a melhor das intenções, isto é, só para ajudar aqueles jovens inexperientes em matéria de convivência a dois. Mais para o casal, as atitudes da sogra em relação a eles, não passam de interferências, ou intrometimentos, que tiram a sua liberdade, e a sua autoridade com relação aos filhos, e até interrompe a sua privacidade. É uma situação complicada e geradora de brigas fatais entre os dois, porque se o marido reclama das interferências da sogra na vida dele, a esposa se ofende porque está falando da sua querida mãe. Do mesmo modo, por sua vez, o marido fica aborrecido quando a mulher reclama da sogra que é a mãe dele. E por aí vão as brigas que se avolumam a ponto de causar uma separação. Certa vez tive a honra de ser convidado para o casamento de um conceituado e bem sucedido empresário, da minha cidade, e no final da cerimônia, o sacerdote chamou as mães dos recém-casados até o altar, e mandou que as duas repetissem em voz alta, que não iriam se intrometer na vida dos dois. Todos os presentes levaram aquela cena na esportiva, e muitos até elogiaram a atitude daquele padre, principalmente quem já teve ou estava tendo algum tipo de aborrecimento por causa da sogra. Está aqui uma bela sugestão aos celebrantes de casamentos: Convidar as sogras para fazer um juramento no altar, diante de Deus, que vão deixar os dois jovens viverem a sua vida, formando uma só carne. E por formar uma só carne, se entende que a partir do altar, o corpo de um passa a pertencer ao corpo do outro, o que não dá o direito nem a esse nem àquele de ter nenhuma aventura com o seu corpo fora do seu compromisso de casamento celebrado pelo ministro de Deus na presença e com o consentimento de Deus e tendo a sociedade local como testemunha. É Por isso que o que Deus uniu, o homem ou a mulher não devem separar. E é bom lembrar que neste mandamento de Jesus está incluída a sogra também.

Maria, mãe da Sagrada Família. Rogai a Jesus pelas nossas famílias. Para que haja paz, amor, união, compreensão e principalmente a presença de Deus em todas elas. Amém.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Festa  de  São Raimundo Nonato

De 21  a  31  de agosto

Participe!!!

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo disse Jesus a seus discípulos: 24“Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas se morre, então produz muito fruto.
25Quem se apega à sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna. 26Se alguém me quer servir, siga-me, e onde eu estou estará também o meu servo. Se alguém me serve, meu Pai o honrará”.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.

A explicação da parábola da semente que cai na terra germina e dá frutos, somos todos nós que nos entregamos pela causa do Reino de Deus. Na verdade, alguns fazem entrega total de si, como os sacerdotes e as freiras. Mas nós também somos exemplos de autoentrega pela evangelização. Somos catequistas e renunciamos a uma porção de coisas para poder realizar de forma aceitável o nosso trabalho. Primeiro lutamos 24 horas por dia para renunciar o pecado. O que não quer dizer que o façamos totalmente. Mas pelo menos tentamos. Em seguida renunciamos a uma porção de coisas como o lazer, o convívio total com a família, etc. O grão que não morre fica só. Aqui o trecho do evangelho se refere àqueles que nem estão aí para o Reino de Deus. Querem mais é cuidar da sua vida e não têm tempo para Deus. E aí acontece o contrário do que eles almejam. Suas vidas acabam definhando-se pela ausência de Deus. Não é que Deus seja vingativo e nos abandona. Somos nós que O abandonamos por causa do nosso individualismo e o apego às coisas desta vida. O grão, para multiplicar-se em novos frutos, tem que cair na terra e morrer. Isso é a doação de si mesmo, dizer não aos instintos para poder se aproximar de Deus, se santificando para poder santificar os outros. É a comunicação da palavra, a fraternidade e o serviço à vida. A morte não é o último ato isolado da existência humana, mas é o termo de uma vida devotada ao amor fraterno, por amor a Deus. Apegar-se à vida é querer resolver os problemas da existência com os nossos recursos sem recorrer à força poderosa e infinita de Deus que está sempre à nossa disposição. É quando não conseguimos os nossos intentos, pois tudo é mais difícil quando nos afastamos do Pai. O ideal ou o certo é guardar a vida na vida eterna plantando aqui para colher um dia lá. Para chegar a esse ponto, temos que dar o desprezo a esta ideologia de sucesso e poder, que impõe a submissão pelo temor. Quem não teme a própria morte está livre para colocar-se totalmente a serviço da vida eterna. O seguimento de Jesus se faz com o abandono total de si mesmo, a favor da evangelizaçã

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Vem aí…

O ANO VICENTINO, EM VÁRZEA ALEGRE: de Setembro de 2011 a Setembro de 2012, com o tema: SSVP – Berço Vocacional, Ser Vicentino é Bom Demais!!!

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

05 de agosto/2011

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 24Jesus disse aos discípulos: "Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga. 25Pois quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la.
26De fato, de que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro mas perder a sua vida? Que poderá alguém dar em troca de sua vida? 27Porque o Filho do Homem virá na glória do seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um de acordo com a sua conduta. 28Em verdade vos digo: Alguns daqueles que estão aqui não morrerão antes de verem o Filho do Homem vindo com seu Reino".
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.

Seguir a Jesus Cristo significa renunciar a si mesmo e tomar a sua cruz. A vida toda de Jesus foi viver esta palavra que está no Evangelho de hoje, Jesus sempre renunciou a si mesmo, ele nunca viveu em função de si próprio, nunca buscava a sua realização ou a satisfação de interesses humanos. Ele sempre procurou viver para os seus irmãos e para suas irmãs, estava sempre pronto para servir e não veio para fazer a sua vontade, mas a vontade daquele que o enviou, de modo que a sua vida foi a constante busca da realização do Reino de Deus e o mistério da cruz foi a coroação de toda uma vida vivida não para si, mas para os outros e para Deus. Quem quer ser discípulo de Jesus deve viver segundo os seus ensinamentos e seguir este seu grande exemplo.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Evangelho (Mateus 16,13-23)

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 13Jesus foi à região de Cesareia de Filipe e ali perguntou a seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” 14Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias; Outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas”.
15Então Jesus lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” 16Simão Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. 17Respondendo, Jesus lhe disse: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. 18Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. 19Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”.
20Jesus, então, ordenou aos discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o Messias. 21Jesus começou a mostrar aos seus discípulos que devia ir a Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos sumos sacerdotes e dos mestres da Lei, e que devia ser morto e ressuscitar no terceiro dia.
22Então Pedro tomou Jesus à parte e começou a repreendê-lo, dizendo: “Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isto nunca te aconteça!” 23Jesus, porém, voltou-se para Pedro, e disse: “Vai para longe, Satanás! Tu és para mim uma pedra de tropeço, porque não pensas as coisas de Deus, mas sim as coisas dos homens!”

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor
.

Estamos em Cesaréia de Filipe e Jesus quer medir o termômetro sobre si e então pergunta aos seus discípulos: E para vós quem é o filho do homem? Um profundo silêncio se espalha entre eles e num tom celestial Pedro responde: Tu és o Cristo, Filho do Deus vivo.

Jesus ganha um adjetivo. Ele é o Cristo, Ungido. O termo deriva do fato que no Antigo Testamento os reis, profetas e sacerdotes, no momento de sua eleição, eram consagrados mediante uma unção com óleo perfumado. Mas cada vez mais claramente na Bíblia se fala de um Ungido ou Consagrado especial que virá nos últimos tempos para realizar as promessas de salvação de Deus a seu povo. É o chamado messianismo bíblico, que assume diversos matizes segundo o Messias é visto, como um futuro rei ou como o Filho do homem de Daniel.

Toda a tradição primitiva da Igreja é unânime ao proclamar que Jesus de Nazaré é o Messias esperado. Ele mesmo, segundo Marcos, se proclamará tal ante o Sinédrio. À pergunta do sumo sacerdote: És tu o Cristo, o Filho do Bendito?, Ele responde: Sim, eu o sou.

Jesus aceita ser identificado com o Messias esperado, mas não com a idéia que o judaísmo havia construído sobre o Messias. Na opinião dominante, este era visto como um líder político e militar que livraria Israel do domínio pagão e instauraria, através da força, o reino de Deus na terra.

Jesus tem que corrigir profundamente esta idéia, compartilhada por seus próprios apóstolos, antes de permitir que se falasse d?Ele como Messias. A isso se orienta o discurso que segue imediatamente: E começou a ensiná-los que o Filho do homem devia sofrer muito… A dura palavra dirigida a Pedro, que busca dissuadi-lo de tais pensamentos: Afasta-te de mim, Satanás: é idêntica à dirigida ao tentador do deserto. Em ambos os casos, tratam-se, de fato, do mesmo objetivo de desviar-lhe do caminho que o Pai lhe indicou, o do Servo sofredor de Javé, por outro que é segundo os homens, não segundo Deus.

A salvação virá do sacrifício de dar a vida em resgate de muitos, não da eliminação do inimigo. De tal maneira, de uma salvação temporal se passa a uma salvação eterna, de uma salvação particular — destinada a um só povo — se passa a uma salvação universal.

Lamentavelmente, temos de constatar que o erro de Pedro se repetiu na história. Também determinados homens e mulheres de Igreja, se comportaram em certas épocas como se o reino de Deus fosse deste mundo e como se fosse necessário afirmar-se com a vitória sobre os inimigos, em vez de fazê-lo com o sofrimento e o martírio.

Todas as palavras do Evangelho são atuais, mas o diálogo de Cesaréia de Filipe o é de forma de todo especial. A situação não mudou. Também hoje, sobre Jesus, existem as mais diversas opiniões das pessoas: um profeta, um grande mestre, uma grande personalidade. Converteu-se em uma moda apresentar Jesus nos espetáculos e nas novelas, nos costumes e com as mensagens mais estranhas. O Código da Vinci é só o último episódio de uma longa série.

No Evangelho, Jesus não parece surpreender-se com as opiniões das pessoas, nem se preocupa em desmenti-las. Só propõe uma pergunta aos discípulos, e assim o faz também hoje: Para vós, para você, quem sou eu?. Existe um salto por dar, que não vem da carne nem do sangue, mas que é dom de Deus que é preciso acolher mediante a docilidade a uma luz interior da qual nasce a fé. Cada dia, há homens e mulheres que dão este salto. Às vezes, trata-se de pessoas famosas — atores, atrizes, homens de cultura –, e então são notícia. Mas infinitamente mais numerosos são os crentes desconhecidos. Em certas ocasiões, os não crentes interpretam estas conversões como fraqueza, crises sentimentais ou busca de popularidade, e pode dar-se que em algum caso seja assim. Mas seria uma falta de respeito à consciência dos outros arrojar descrédito sobre cada história de conversão.

Uma coisa é certa: os que deram este salto não voltarão atrás por nada do mundo, e mais ainda, se surpreendem de ter podido viver tanto tempo sem a luz e a força que vem da fé em Cristo. Como São Hilário de Poitiers, que se converteu sendo adulto, estão dispostos a exclamar: Antes de conhecer-te, eu não existia.

Tenho de proclamar o seu nome: Jesus é o Cristo, o Filho de Deus vivo. Foi Ele quem nos revelou o Deus invisível, é Ele o Primogénito de toda a criação, é nele que todas as coisas têm a sua subsistência. Ele é o senhor da humanidade e o seu redentor, que nasceu, morreu e ressuscitou por nós.

Ele é o centro da história do mundo; conhece-nos e ama-nos; é o companheiro e o amigo da nossa vida, o homem das dores ( Is 53, 3) e da esperança; é aquele que há-de vir, que será finalmente o nosso juiz e também ? assim confiamos ? a nossa vida plena e a nossa beatitude

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Informação

NESTE PRÓXIMO DOMINGO, DIA 07/08 HAVERÁ REUNIÃO DO CPVA A PARTIR DAS 9:30H

O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 21Jesus retirou-se para a região de Tiro e Sidônia. 22Eis que uma mulher cananeia, vindo daquela região, pôs-se a gritar: “Senhor, filho de Davi, tem piedade de mim: minha filha está cruelmente atormentada por um demônio!” 23Mas, Jesus não lhe respondeu palavra alguma. Então seus discípulos aproximaram-se e lhe pediram: “Manda embora essa mulher, pois ela vem gritando atrás de nós”. 24Jesus respondeu: “Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel”. 25Mas, a mulher, aproximando-se, prostrou-se diante de Jesus, e começou a implorar: “Senhor, socorre-me!” 26Jesus lhe disse: “Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-los aos cachorrinhos”. 27A mulher insistiu: “É verdade, Senhor; mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!” 28Diante disso, Jesus lhe disse: “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres!” E desde aquele momento sua filha ficou curada.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
Homilia


Uma fé perseverante-MT-15,21-28
Depois de Jesus ter andado a espalhar pela Galiléia junto dos seus a chegada do Reino dos Céus, ele decide-se a ir para terra estrangeira, para a região de Tiro e Sidon que fica ao norte da Galiléia, no atual Líbano, uma terra estrangeira onde a maior parte das pessoas eram não-judias, ao contrário da Galiléia, onde quase todos eram judeus. Uma delas era esta mulher que foi ter com Jesus. Esta mulher, sem nome, o evangelista Marcos chama-a de Síro-Fenícia, Mateus diz que ela é cananéia. Os dois títulos têm o mesmo significado: é uma mulher estrangeira.
Ela tinha uma filha endemoniada. A mãe não sabia mais o que fazer para livrar a pobre coitada daquele sofrimento. O demônio não deixava a menina em paz em nenhum momento. A mãe da menina aproveitou que Jesus estava por ali, chegou e gritou: “Jesus tenha pena de mim! Minha filha está horrivelmente dominada por um demônio!” Ela conhecia Jesus de nome e sabia que Ele era muito bom e tinha poder para mandar embora os demônios. A princípio, Jesus não falou nada nem fez nada. Também não parou de andar para dar atenção à mulher. Mas ela foi atrás dele gritando: “Jesus, tenha pena de mim!” Os amigos de Jesus entenderam o sofrimento daquela mãe e pediram para que o Senhor a mandasse embora. Jesus não mandou a mulher embora, mas fingiu que não iria atender o seu pedido. Para provar a fé daquela mulher, Ele disse que curava gente de seu país, e não gente de outro país.
A mulher movida de uma fé que ultrapassa a dos discípulos grita a Jesus: “Tem compaixão de mim, Senhor, filho de Davi! Minha filha tem uma doença maligna”. Jesus não responde. Os discípulos, incomodados, dizem-lhe: “Manda-a embora, pois vem gritando atrás de nós”.
A mulher, porém, jogou-se aos pés de Jesus: “Senhor, ajuda-me!”. Jesus insiste em não querer envolver-se no caso de uma estrangeira: “Não está certo tirar o pão dos filhos, para jogá-lo aos cachorrinhos”. Ela, porém, apesar de reconhecer que não tem esse direito insiste na sua humilde “súplica”: “É verdade, Senhor, mas também os cachorrinhos comem as migalhas que caem da mesa de seus donos”. Então, Jesus respondeu: “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres”. E, a partir daquela hora, a filha da cananéia ficou curada.
A mulher cananéia é um modelo de súplica humilde, como o centurião de Cafarnaum (Mt 8,5-13), e perseverante, como o cego Bartimeu (Mc 10,46-52). O centro do episódio é Jesus. Ele aparece livre, sereno, firme. No mesmo capítulo 15 de Mateus, Jesus se distancia das tradições dos escribas e fariseus. No episódio da cananéia, ele é pressionado pelos próprios discípulos para que despeça a mulher importuna. Mas Jesus se deixa vencer pela súplica de uma mãe angustiada. Não são os gritos da cananéia que o comovem, mas a perseverança da sua fé. Por ser pagã, ela não teria direito, mas a sua filha foi curada por pura graça. Jesus realiza um gesto soberano e profético, que anuncia o acesso dos pagãos (chamados de “cães”, pelos judeus) à salvação.
A insistência e ousadia da mulher cananéia, fez com que Jesus atendesse seu pedido e com isso provou para todos que em Deus não há diferença entre cultura, cor, raça, credo ou região. Uma grande lição para levarmos para nossas vidas é que precisamos ter uma fé teimosa, insistente, chata, daquelas que chega a incomodar, que não desanima nunca, que não se frustra. Pois assim, quando Deus provar a nossa fé, conseguiremos manter-nos firmes e fiéis. A perseverança da fé dessa mulher deve nortear também a tua. Insista que Jesus vai atender. A promessa é mesmo dele: Batei, e a porta se vos abrirá, buscai e achareis. Exercite sua fé na oração, na reflexão da palavra e no testemunho de sua vida.
Senhor, que eu seja mais sensível ao sofrimento dos pobres desta terra, do que aos “direitos adquiridos” dos sábios e entendidos! Que nas horas em que tu pareces não responder à minha súplica, eu persevere, confiando na tua misericórdia
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